Cafezinho 487 – A ditadura de precisão

Canal Café Brasil - A podcast by Luciano Pires & Café Brasil Editorial Ltda

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Assine o Cafe Brasil Premium em http://mundocafebrasil.com Fiz um post sobre as diabruras dos ministros do STF e um leitor, o Daniel Marques, comentou assim: “Vemos no judiciário um mero verniz de legalidade. Eles não vão subverter a ordem completamente, fazendo prisões arbitrárias em grande escala, por enquanto, tal como numa ditadura claramente assumida, mas apenas por enquanto. Vão fazer isso com alguns desafetos, os que se exaltaram e se rebelaram. E por algum motivo, parece que nós deveríamos nos sentir tranquilos com isso, e confiantes de que não vivemos numa ditadura. É uma ditadura, mas diferente da sua versão anterior, que ostentava seu autoritarismo. É uma ditadura de precisão, da era dos algoritmos, que escolhe estrategicamente suas vítimas, agindo cirurgicamente. Como ‘bombas inteligentes’ numa guerra. É um processo onde, para quem não é pego por ela, tudo parece estar normal. As pessoas vão ao trabalho, voltam, praticam seu lazer. Mas para quem dá o azar de ser atingido por ela, parece ter caído numa realidade paralela, onde a racionalidade foi suspensa e os valores se inverteram. Você é que tem de provar que é inocente, em meio a uma sociedade blasé.” “Ditadura de precisão”. Perfeita a definição do Daniel Marques. Foi-se o tempo da truculência, do tiro, porrada e bomba. Foi-se o tempo do bandido vestido de preto, com o mocinho vestido de branco. Agora o mal está dissimulado, você vive ao lado dele, acorda com ele, dorme com ele, tem aulas com ele, responde pra ele, sem perceber que é ele. No Café Brasil 6- Gramsci e os cadernos do cárcere, expliquei que o pensador italiano, preso, percebeu que tiro, porrada e bombas não transformariam o mundo. A transformação só viria pela conquista hegemônica dos corações e mentes das pessoas e da cooptação das mentes mais talentosas e brilhantes do adversário. Assim a vitória perene estaria garantida. Essa percepção mudou tudo. E explica a ditadura de precisão. Encobertos pelas placas de “salve o planeta”, “eu amo você” e “justiça para todas”, snipers de toga preta disparam com precisão milimétrica sobre seus alvos. A turba não escuta o tiro. Não vê explosões. Não ouve gritos. Apenas fica sabendo que um dos seus foi abatido. E passa a morrer de medo dos snipers que sabe que estão por ali. Sacou o jogo? A ditadura de precisão não quer matar ninguém. Só quer que você tenha medo. Muito medo.   Esta reflexão continua no vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=ThYbwrbhNJQ   Gostou? De onde veio este, tem muito, mas muito mais. Torne-se um assinante do Café Brasil e nos ajude a continuar produzindo conteúdo gratuito que auxilia milhares de pessoas a refinar seu processo de julgamento e tomada de decisão. Acesse http://mundocafebrasil.comSee omnystudio.com/listener for privacy information.